sábado, junho 23, 2007

Memórias



Sempre gostei, visual e emocionalmente, de casas antigas. Aliado ao facto de poderem ser modificadas para assistirem às comodidades modernas, tem uma força muito grande. Gosto (espero ainda ter oportunidade de gostar ainda mais) de fazer sentir que é o meu espaço. Quando nos mudamos os cheiros não são nossos. Ou são antigos ou são das obras recentes. Cria uma insegurança, que só com o assentar dos nossos odores de identificação familiar é que se dissipa. Nunca começamos de novo, temos a nossa velha consciência. a nossa estulta memória, os nossos quadros conceptuais já definidos.Assim na nova (velha) casa não começamos do zero, partimos sim, de algo que apenas, não é nosso, de algo de que temos de nos apropriar. Modificamos-lhe a cor, o cheiro, alguma estrutura e enchemos de algo que merece ser preservado.
Admito que as casas novas não me entusiasmam (tirando alguns aspectos relacionados com comodidades modernas), e já me irritei de ouvir alguém dizer que odeia casas antigas e que por elas, todas elas seriam demolidas.

Na cidade onde vivo dói, bastante até, ver ruas inteiras de memórias, que identificamos com a Invicta, abandonadas a uma repulsa dos olhares dos traseuntes.

Reciclagem, Reciclagem, Reciclagem. Uma cidade à espera de ser reciclada. O Porto, em vez de apostar em licenças de construção de casas novas (pese embora a importância destas para os orçamentos do munícipios) porque não apostar numa renovação REAL, com uma demonstração política da importância da reabilitação da Baixa. Não só através da Porto Vivo, que, enquanto dá relevância a alguns segmentos da população, renega e afasta outras fatias tradicionais dessas zonas, obrigando-nos a pensar noutro grande investimento público na cidade. Tudo, aqui tem o seu lugar, o novo, o velho, o renovado. Apenas o comodismo e prepotência e outros primos podem ficar à porta. Agradecido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como gosto da maneira como dizes o que eu sinto!!